Lembro claramente de dizer quando estava grávida que com cinco meses meu bebê estaria na creche e eu voltaria a trabalhar sem culpas e sem estresse. Sempre fui daquelas defensoras de que a mulher não precisa abdicar de tudo para ser mãe.
Quando minha licença estava terminando, eu decidi colocar Helena numa escolinha perto da minha casa. Já estava tudo decidido, eu ia voltar, ficar alguns dias e entrar de férias para depois de um mês retornar definitivamente. lembro bem do que seria o primeiro dia da minha filhota na creche, ela então com quatro meses. E para piorar a situação do meu coração que ao contrário do que eu imaginava, já sofria horrores, estava chovendo. Vendo minha pequena ali na cama dormindo, toda quentinha e segura, eu amarelei. Não tive coragem, não voltei. Liguei mais tarde para o serviço e falei que não ia mais voltar.
Hoje, mais de um ano depois, eu sinto um misto de coisas. Uma parte de mim entende que fiz o melhor para minha filha, afinal, por melhor que seja a escolinha ou o cuidador, ninguém cuidará dela melhor do que eu,por mais que esteja estressada. Outra parte sente muita falta de trabalhar fora. Primeiro tem a questão da grana. Sempre trabalhei e sempre tive meu dinheiro e ter que pedir para o marido comprar até as calcinhas não faz meu estilo. Aí você pergunta: porque você não faz algo para vender? Tipo bombons (já tentei), artesanato (também), Avon, Jequiti (não, ainda não). Gente eu não sei vender nada!! O máximo que eu sei fazer é escrever direitinho, afinal sou jornalista, mas isto as pessoas não compram e escrever não dá dinheiro por melhor que seja a escrita.
Mas não é somente a questão financeira que me incomoda. Eu sinto falta de sair todos os dias, de me arrumar para ir trabalhar (quando a gente fica em casa, a gente vira um bagacinho), de morcegar cazamiga,de fofocar no banheiro,essas coisas. Eu sinto falta de tudo isto!!!
Aí eu fico naquela: morro de vontade de trabalhar fora (gente, eu trabalho, serviço doméstico é trabalho, só que não remunerado,rs), mas ao mesmo tempo sem coragem de deixar minha pequena o dia todo na creche ou na casa de alguém. Aí eu me pergunto: como resolve isto gente? Tem jeito? Porque uma mulher não pode ser mãe e uma super profissional ao mesmo tempo? Será que só os pais tem esse privilégio?
Quando uma mulher trabalha fora e o filho tem febre na escola, quem eles chamam? A mãe!!! Quando o menino morde o colega, chamam quem? A mãe!!!! Quando a criança cisma de falar palavrão? A Mãeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee! Enfim, estamos eternamente divididas entre o trabalho e a criação dos nossos filhos. Se ficamos em casa, somos a toa, se decidimos pela creche, somos desalmadas, se ficamos em casa e colocamos na creche então!! Misericórdia, chama o Conselho Tutelar para esta mulher!!!
Na boa, não sei o que é mais difícil, voltar ou não da licença maternidade ou aguentar tantos julgamentos!!
Falando de maternidade real para mães de verdade ♥ 